Bisbilhotar é benéfico para desenvolvimento humano
Homens são tão curiosos por ‘vida alheia’ como mulheres. Cientista inglesa apresenta estudo que indica que troca de informações sobre outros indivíduos promove e intensifica as relações interpessoais.
É comum dizer-se que bisbilhotar é um mau hábito exclusivo das mulheres e atribui-se normalmente a isso falta de carácter. Mas um estudo recente da Universidade de Leicester, no Reino Unido, demonstra que os homens são igualmente curiosos.
O estudo, sobre a influência da ‘bisbilhotice’ nas relações amorosas, demonstra que ‘bisbilhotar’ ou ‘mexericar’ tem funções específicas na sociedade e pode intensificar as relações interpessoais.
Charlotte De Backer, autora do estudo e investigadora do Departamento de Media e Comunicação da Universidade de Leicester, citada em comunicado da mesma Universidade, afirma que, «bisbilhotar não é uma ‘tolice’ sem sentido, tem funções específicas».
A especialista acrescenta que «apesar de considerarmos que bisbilhotar é um hábito trivial, isso não quer dizer que não deva ser estudado cientificamente. É um acto que está presente no nosso dia-a-dia, quase todos o fazemos ou somos alvo dele».
O estudo demonstra que o acto de bisbilhotar é benéfico para a educação já que através da troca de informação o indivíduo aprende a conhecer melhor a sociedade em que vive, a distinguir o que é certo do errado e a conviver com as outras pessoas.
A autora revela ainda um facto curioso, já que indica bisbilhotar e comer chocolate pode provocar em termos fisiológicos as mesmas reacções no organismo. Vários estudos têm demonstrado que quando uma pessoa ingere chocolate, os níveis de serotonina (uma hormona relacionada com o prazer) aumentam naturalmente no organismo, tal como os níveis de açúcar.
Os níveis aumentados de serotonina e açúcar no sangue proporcionam uma sensação instantânea de prazer, que de acordo com a investigadora, se assemelha à sensação que o acto de bisbilhotar provoca no imediato.
De acordo com a tese de Charlotte De Backer, Like Belgian Chocolate for the Universal Mind. Interpersonal and Media Gossip from an Evolutionary Perspective, que deu origem ao estudo agora apresentado, 48,9% das conversas diárias são mexericos, brincadeiras ou comentários.
Numa comparação entre homens e mulheres, a autora adianta que, entre as mulheres, 71% das conversas são bisbilhotices, enquanto que entre os homens os números atingem os 64%.
A investigadora Charlotte De Backer indica, na tese, que as mulheres conversam mais porque têm mais capacidade de comunicação do que os homens. Para explicar esta ideia, a autora baseia-se num excerto do artigo Sex differences in the functional organization of the brain for language, do autor Bennet Shaywitz que indica, «quando as mulheres falam são activados os dois lados do cérebro enquanto que nos homens apenas é activado o lado esquerdo».
No entanto, o estudo demonstra que tanto para homens como para mulheres falar da vida alheia é um hábito natural. Quando comentam sobre mulheres, ambos os sexos revelam que a característica mais importante é a beleza física, mas quando falam sobre homens o mais importante é o status social.
No que diz respeito aos indivíduos que mantêm relações amorosas fixas, a cientista chegou à conclusão que, homens e mulheres gostam de fazer comentários ou imaginar a existência de possíveis parceiros amorosos.
Citada em comunicado da Universidade de Leicester, Charlotte De Backer explica que «esta investigação permitiu-nos perceber melhor, no contexto das relações amorosas, o acto de bisbilhotar tanto nas mulheres como nos homens. Demonstrou-nos que ambos os sexos estão interessados em saber mais sobre possíveis parceiros independentemente do seu estado civil».
O estudo de Charlotte De Backer também revela o impacto da bisbilhotice sobre celebridades na sociedade o que significa que mesmo sem conhecermos pessoalmente os indivíduos gostamos de falar sobre eles.
A autora não tem dúvida que os resultados indicam que bisbilhotar é um acto natural e conclui que, «gostamos de bisbilhotar pela mesma razão que gostamos de comer».
in TVC
