Quando se fala de racismo, as pessoas costumam começar por dizer: «Eu não sou racista, mas...». E o «mas» é frequentemente seguido de frases como: «não tinha filhos com um homem de cor», «eles são preguiçosos», «eles costumam roubar», ou «eles cheiram mal». Estes comentários são racistas? Vivemos num país racista?
No dia em que se assinala o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, o PortugalDiário pergunta aos seus leitores se são racistas e qual a melhor definição da palavra «racismo». Quem sofre mais com o racismo? São os «pretos», ou é melhor dizer «negro», ou mesmo «africano»? Os imigrantes do leste europeu são mais discriminados do que os imigrantes africanos e brasileiros? As pessoas que nasceram em Portugal são todas portuguesas?
Uma coisa é certa, são poucas as pessoas que são penalizadas por terem comportamentos racistas. Nos últimos seis anos, a Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR) recebeu 190 queixas, mas apenas duas resultaram em coimas. Num caso, houve uma recusa em arrendar uma casa e noutra situação o queixoso foi discriminado no local do trabalho.
Por que é que se registaram tão poucas queixas? As vítimas acham que não vale a pena?
Luís Pascoal, da CICDR, referiu, em declarações à Agência Lusa, que muitos dos protestos são arquivados, porque é difícil estabelecer ou provar os factos relatados nas denúncias. Também o tempo que demora o processo de instrução de uma queixa, entre dois ou três anos, dificulta o trabalho da comissão.
Desde 2000, a comissão recebeu 190 queixas, apresentadas por pessoas singulares ou por associações de imigrantes e relacionadas com discriminação e racismo nos locais de trabalho, na rua, nos hospitais e escolas. Das 190 reclamações junto da CICDR, duas deram origem ao pagamento de coimas, disse o mesmo responsável, sublinhando que 60 estão ainda a ser analisadas.
De acordo com Luís Pascoal, a maioria das queixas apresentadas estão relacionadas com discriminações no acesso ao local de trabalho e à distribuição de tarefas e reclamações no que toca ao atendimento nos hospitais.
Nos últimos seis anos, os casos mais polémicos e mediáticos que chegaram às mãos da comissão foram os acontecimentos do «arrastão da praia da Carcavelos», no passado dia 10 de Junho, e as declarações do presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, sobre os chineses.
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