Esse miúdo ainda deve andar na primeira classe.
Um dia, o professor há-de explicar-lhe que os verbos no imperfeito do conjuntivo não "levam tracinho". Correctamente, seria "concentrasse" e "reconhecesse".
Não me perguntes como aprendi. Foi por imitação.
Também me identifico muito com isto, fui daquelas miúdas irrequietas que os professores estavam sempre a mandar calar, mas que tinha as melhores notas da turma sem nunca pegar num livro a não ser para fazer os TPC estritamente necessários.
Na 3ª classe, a Professora Irene pediu autorização à minha mãe para me passar automaticamente para o 1º ano, mas ela não achou que fosse boa ideia. Já nessa altura diziam que eu era hiper-activa.
Não me acho nenhum génio (muito pelo contrário) mas também acho que sempre tive uma forma de aprender e um interesse diferente dos outros meninos. Para mim, todo o tempo que estudei (na primária, no secundário e na faculdade) sempre foi um verdadeiro suplício estar sentada, praticamente sem me mexer, durante os 50 minutos das aulas.
Ainda hoje, não consigo assistir um filme do princípio ao fim.
Ainda hoje, não consigo estar sentada a ler um livro.
Prefiro que me contem os filmes, que me contem as estórias da História, que me mostrem as coisas.
E algo me diz que hei-de continuar a ser a mesma criança até morrer.