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Muito bom....viva o IDT, e o trabalho que têm feito em relação às drogas no nosso pais. Deve tar à maneira o livro. Acho que vou comprar isso.

 

Obrigado ai pela dica

Random Mode @ Beatport

http://soundcloud.com/spock/straight-flush

Groove Technology Records

A VENCER TITULOS DA TRETA DESDE 1893 - FUNDADOS POR UMA NOTICIA DE UM JORNAL DE LISBOA

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Drogas Sintéticas: Mundos Culturais, Música Trance e Ciberespaço

 

 

Esta obra de Vasco Gil Calado, editada pelo Núcleo de Investigação/ODT/IDT na colecção ESTUDOS, pode ser consultada no Centro de Documentação deste Instituto ou adquirida pelo preço de 12 Euros.

 

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Esta investigação, de natureza intrinsecamente qualitativa e exploratória, levou a cabo uma análise de conteúdo sobre informação recolhida em observação não participante em diversos espaços virtuais e electrónicos associados à «cultura trance».

 

O trance psicadélico é um estilo de música electrónica de dança. Foi introduzido em Portugal em meados dos anos 90 e é dançado num determinado tipo de festas nocturnas – as festas trance –, onde o consumo de substâncias psicoactivas (nomeadamente, as chamadas drogas sintéticas ou drogas de design) é, segundo a generalidade dos autores que sobre o assunto se debruçaram, algo assumido e prática corrente.

 

Os adeptos desta forma musical e deste tipo de festas nocturnas, os trancers, têm em certos espaços virtuais (como páginas de Internet e fóruns electrónicos de discussão, por exemplo) um local de encontro, interacção e debate. Este ciberespaço é local de intensa troca de informações e relatos pessoais, bem como de aprendizagem e socialização com as drogas, em especial com aquelas substâncias psico-activas que, pelos seus efeitos, mais próximas estão de servir determinados objectivos.

 

Efectuou-se não só uma análise da informação que está directamente relacionada com o consumo de psicotrópicos, mas estendeu-se a observação ao «mundo cultural» (reflectido nos diversos documentos electrónicos e fóruns de discussão monitorizados) que contextualiza o consumo e ajuda a explicar determinados comportamentos e motivações. Foi identificado um conjunto de referentes culturais, processos motivacionais e elementos simbólicos específicos da «cultura trance», que passam pelo fascínio por um «mundo fantástico», psicadélico e esotérico, onde a fuga ao quotidiano e a alteração dos sentidos são tomadas como fins em si mesmos.

O consumo de psicotrópicos é visto, de uma forma utilitária, como algo que permite a «viagem», enquadrando-se dentro dos valores e da ideologia que esta subcultura se apropria no seu discurso. As substâncias psicoactivas assumem, então, o papel de elemento central nas festas trance, ao lado da música, da dança, da decoração e da indumentária. Ao consumo de drogas é investido um sentido simbólico.

 

Pela análise do fenómeno trance no ciberespaço, fica a perceber-se o significado que pode ter para os elementos desta subcultura o consumo de determinados psicotrópicos, em função de valores, motivações e aspirações identificadas. Em concreto, a ideia de fuga à realidade, de «contraquotidiano», o espírito festivo, o hedonismo com fim em si mesmo ou a noção de «paraíso artificial» parecem ser conceitos que enquadram e ajudam a explicar o consumo de substâncias alucinogéneas, como o LSD ou os «cogumelos mágicos».

 

Depois de feito um enquadramento geral e debatida a metodologia, no Capítulo1, o Capítulo 2 conta uma história do fenómeno da música electrónica de dança, da qual o trance psicadélico é um subproduto. São discutidas aí as razões do surgimento, nos anos 80, da música electrónica de dança, a noção de rave, e a associação de determinadas substâncias psicoactivas (o Ecstasy, em especial) à dança ao som deste tipo de música, em discotecas e festas nocturnas.

 

O Capítulo 3 consiste numa introdução ao trance, enquanto fenómeno social, onde se debate a sua associação a determinados referentes culturais e simbólicos. Através da análise de endereços electrónicos, nicknames, mensagens deixadas em guestbooks e uma página pessoal, chega-se à conclusão que as referências ao psicadelismo e a algumas substâncias psicoactivas são uma constante, numa mesma lógica de expansão dos sentidos e procura de «paraísos artificiais».No Capítulo 4, esboça-se uma história do trance em Portugal, desde a primeira festa em 1994 até ao Festival Boom 2002, que contou com a presença de mais de 15.000 pessoas. É questionada a noção de festa trance, os valores que a sustentam, as motivações que a explicam e as práticas do dia a dia (nomeadamente, o consumo de substâncias psicoactivas). A questão da evolução do fenómeno trance, os episódios de mau ambiente e a discussão em torno do futuro do trance psicadélico são também aflorados, uma vez que reflectem grande parte dos temas debatidos nos diversos fóruns electrónicos de discussão monitorizados.

 

No Capítulo 5, analisa-se, em conteúdo, as representações sociais desta subcultura sobre as substâncias psicoactivas, nomeadamente as drogas sintéticas mais consumidas pelos trancers, em função da informação veiculada nos diversos documentos electrónicos e fóruns de discussão analisados. Três tendências são identificadas: a) a rejeição da heroína e, em parte, também do álcool, por estarem associados a outros estilos de vida; B) o fascínio pelos «ácidos» e drogas expansoras da consciência, como o LSD e outros alucinogéneos; c) a glorificação de substâncias naturais, como os cogumelos mágicos ou a psilocibina, por serem consideradas inofensivas.

 

No Capítulo 6, é feito um breve apanhado geral, sugerindo aí a necessidade de estudos futuros, mais aprofundados e que identifiquem em detalhe padrões de consumo de substâncias psicotrópicas neste contexto. São também identificadas algumas questões preocupantes, do ponto de vista da saúde pública e não só: o consumo crescente de álcool nas festas trance em contraste com a tendência referida no capítulo anterior, a dependência psicológica e o multiplicar de relatos de problemas mentais na população estudada, casos de violência e ambiente de intimidação, o desvirtuar dos princípios ideológicos iniciais, etc.

 

O objectivo primordial da presente investigação é procurar conhecer «por dentro» a realidade de uma subcultura, em especial o seu posicionamento perante substâncias psicoactivas, as suas representações sociais e as suas motivações de consumo. Este objectivo assenta num conceito – não é possível agir, prevenir, reduzir riscos e danos de modo eficaz sem conhecer a subcultura que se pretende atingir.

 

Em suma, o presente relatório procura contribuir para uma melhor compreensão da subcultura trance, debatendo os processos motivacionais que contextualizam o consumo de determinadas substâncias psicoactivas.

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