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Normalidade / Anormalidade


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«A nossa sociedade ocidental contemporânea, a despeito do seu progresso material, intelectual e político, conduz cada vez menos à saúde mental, e tende a sabotar a segurança interior, a felicidade, a razão e a capacidade de amor no indivíduo; tende a transformá-lo num autómato que paga o seu fracasso humano com as doenças mentais cada vez mais frequentes e desespero oculto sob um frenesi pelo trabalho e pelo chamado prazer.

 

Muitos daqueles que são normais são-no, porque se encontram tão bem adaptados ao nosso modo de existência, porque as suas vozes humanas foram reduzidas ao silêncio tão cedo em suas vidas, que nem lutam, ou sofrem, ou exibem sintomas como o neurótico.

São normais, não no que pode chamar-se o sentido absoluto da palavra; são normais sómente em relação a uma sociedade profundamente anormal.

 

O seu perfeito ajustamento a esta sociedade anormal dá a medida da sua doença mental. Estes milhões de pessoas anormalmente normais que vivem sem ruído numa sociedade a que, se forem seres plenamente humanos, não deveriam estar adaptados, ainda acariciam «a ilusão da individualidade», mas de facto foram em larga medida des-individualizados. A sua conformidade está a evoluir para algo como a uniformidade. Mas, uniformidade e liberdade são incompatíveis. A uniformidade e a saúde mental são igualmente incompatíveis... O homem não está feito para ser um autómato, e se se transforma em autómato, a base da sua saúde mental está destruída.»

«Nada, senão o instante, me conhece...»

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Agora disses-te uma grande verdade, k assusta e deixa mt k pensar.... mas a esperança existe mm num quadro tão cruel como o escritor refere acima e k é verdadeiramente um facto consumado........a distançia é cada vez maior entre o individo e o individo<<<>>> eu>>eu.....é como costumo dizer, a era da esquizofrenia.

È vertiginosa a rapidez k k tudo passa.......e num apiçe de uma vida, consome-se uma existencia k não mudou nada........regrediu apenas ou ás vezes nem isso........mas nem vale a pena desenvolver pq o escritor disse e bem dito em poukas palavras o k eu poderia levar aki muitas palavras a explicar, mas o k eu queria mm dizer é k a esperança reside na diferença........na consciencia, na mudança, naqueles k ainda têm alguma visão mm no meio do câos k se vive a todos os niveis.....tão necessarios são os pensantes, filosofos, poetas e artistas..... aqueles k podem sempre trazer alguma sabedoria a uma sociedade k reside no culto da ignorançia e da facilidade.

" A vidA é umA festA"

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Na sequência deste assunto, ponho aqui um texto de Huxley tambem que acho bastante interessante..

 

Ideais Insanos

 

Um homem louco é aquele cuja maneira de pensar e agir não se coaduna com a maioria dos seus contemporâneos. A sanidade mental é uma questão de estatística. Aquilo que a maioria dos Homens faz em qualquer dado lugar e período é a coisa ajuizada e normal a fazer. Esta é a definição de sanidade mental na qual baseamos a nossa prática social. Para nós, aqui e agora, são muitos os de mentalidade sã e poucos os loucos. Mas os julgamentos, aqui e agora, são por sua natureza provisórios e relativos. O que nos parece sanidade mental, a nós, porque é o comportamento de muitos, pode parecer, sub specie oeternitalis, uma loucura. Nem é preciso invocar a eternidade como testemunho. A História é suficiente. A maioria auto-intitulada de mentalmente sã, em qualquer dado momento, pode parecer ao historiador, que estudou os pensamentos e acções de inumeráveis mortos, uma escassa mão-cheia de lunáticos. Considerando o assunto de outro ponto de vista, o psicólogo pode chegar à mesma conclusão. Ele sabe que a mente consiste de tais e tais elementos, que existem e devem ser tidos em conta. Se um homem tenta viver como se certos destes elementos constituintes do seu ser não existissem, está a tentar viver, num sentido psicológico absoluto, anormalmente. Está a tentar ser louco; e tentar ser louco é insânia.

 

Aplicando estes dois testes, o do historiador e o do psicólogo, à maioria mentalmente sã do Ocidente contemporâneo, que verificamos? Verificamos que os ideais e a filosofia da vida agora geralmente aceites são totalmente diferentes dos ideais e da filosofia aceite em quase todas as outras épocas. O Sr. Buck e os milhões por quem ele fala estão, esmagadoramente, em minoria. Os incontáveis mortos preferem a sentença a seu respeito: estão loucos. Os psicólogos confirmam o seu veredicto. O êxito – «a deusa-cadela, Êxito» na frase de William James – exige estranhos sacrifícios daqueles que a adoram. Nada menos do que automutilação espiritual pode obter os seus favores. O homem coordenado para o êxito é um homem que foi forçado a deixar metade do seu espírito fora da sua personalidade. E se ele aceitar os ideais e a filosofia da vida que a deusa-cadela tem para oferecer, achar-se-á condenado, ou a uma estrénua irreflexão ou a um cinismo poeirento e descolorido. Nascido potencialmente são, ele aprende a sua loucura. “Porque todo o Homem”, como Sancho Pança observou, “é como o céu o fez, e algumas vezes muito pior do que isso” – algumas vezes, também, muito melhor; depende, em parte, dos seus próprios esforços, em parte das tradições, das crenças, dos códigos, da filosofia da vida que acontece ser corrente na sociedade em que ele nasceu. Onde esta herança social é uma loucura, o indivíduo naturalmente mais normal está moldado à semelhança de um louco. Em relação à sociedade em que vive, ele é, sem dúvida, normal, porque se parece com a maioria dos seus pares. Mas eles são todos, falando em absoluto, conjuntamente loucos.

A Natureza permanece inalterável, quaisquer que sejam os esforços conscientes feitos para a deformar. Os Homens podem negar a existência de uma parte do seu próprio espírito; mas o que é negado não é por isso destruído. Os elementos banidos vingam-se nos indivíduos, nas sociedades inteiras. Uma coisa apenas é absolutamente certa quanto ao futuro: que as nossas sociedades ocidentais não se manterão por muito tempo no seu presente estado. Ideais loucos e uma filosofia lunática da vida não são as melhores garantias de sobrevivência.

 

Aldous Huxley, in "Sobre a Democracia e Outros Estudos"

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  • 2 weeks later...
... A uniformidade e a saúde mental são igualmente incompatíveis... O homem não está feito para ser um autómato, e se se transforma em autómato, a base da sua saúde mental está destruída.»

Acho q gostava de saber o que é q eles definem por uniformidade, não sei se percebi, pois para mim são ambas as partes importantes a de estar inserido e ser um membro activo de um "grupo" e com isto haver tb, diferenças. Acredito na diversidade. Por outro lado concordo quando falam em conformidade em relação ao que já existe na sociedade, a malta está acomodada e penso q pode e há lugar para uma revolução mas essa virá apenas através da auto-consciência e uma luta individual de partes para esse acontecimento ter lugar...

É sem dúvida um facto, que a grande parte da população está de palas postas em relação ao que se está a passar conosco, e outros mal ou nada podem fazer,pois as condições da sua vida estão demasiado más... Nós ocidentáis,somos muito preveligiados e muitos desses previlégios provêm da miséria de outros povos.

Só pelo simples facto de eu estar aqui a escrever num computador, ligado à net e de barriguinha cheia, já faço parte da minoria previligiada à escala global.

Não tenho dúvidas em relação ao homem não estar feito para ser automato, criámos maquinas para tentar atenuar a nossa vida laboral e mesmo com a revolução industrial e com todas as modernices existentes a própria mente sofre dessa automatização. A famosa frase " Já estava assim quando eu cheguei"...

"Atenção em vez de eficiencia, fluxo suave em vez de velocidade"

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... A uniformidade e a saúde mental são igualmente incompatíveis... O homem não está feito para ser um autómato, e se se transforma em autómato, a base da sua saúde mental está destruída.»

Acho q gostava de saber o que é q eles definem por uniformidade, não sei se percebi, pois para mim são ambas as partes importantes a de estar inserido e ser um membro activo de um "grupo" e com isto haver tb, diferenças.

Penso que quando o autor fala em «uniformidade», refere-se ao facto de se assistir muitas vezes à falta de iniciativa e atitude individual... porque se nos deixarmos reger apenas pelas ditas normas da sociedade e restringirmos a nossa maneira de ser de acordo com os comportamentos considerados «normais», estamos a relegar para segundo plano os nossos desejos mais íntimos, mais individuais... o ideal seria termos uma sociedade onde àparte o funcionamento de grupo, se valorizasse a liberdade individual... ;)

«Nada, senão o instante, me conhece...»

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