Teclados:
Se baixar os olhos do monitor, é extremamente provável que depare com um elemento fundamental do seu trabalho diário; tão fundamental, aliás, que raramente nos damos conta da sua importância. O que faria se o seu computador não tivesse teclado?
MOLAS E ARGOLAS
Com a revolução industrial dos séculos XVIII e XIX, o Progressismo impulsionou a noção da tecnologia ao serviço da medicina. Consequentemente, a maioria dos planos iniciais de máquinas de escrever destinava-se a pessoas com deficiência visual, tal como exemplificado na patente registada por William Austin Burt em 1829 para o seu "tipógrafo", um dos primeiros conceitos documentados de um aparelho de escrita mecânica.
No entanto, o tipógrafo de Burt não dispunha de um teclado propriamente dito, pois fazia uso de uma maçaneta de caracteres que, ao ser rodada, seleccionava a letra a introduzir. Só décadas mais tarde, com o aparelho inventado por Rasmus Malling-Hansen em 1865 (ilustrado no cabeçalho deste artigo), as teclas marcariam a sua presença, se bem que numa estrutura esférica bastante invulgar para os nossos olhos modernos. De qualquer forma, o aparelho de Malling-Hansen comprovou-se um enorme sucesso comercial.
"TLIM"!
Em meados do século XX, os sistemas dactilográficos já representavam uma mais-valia essencial no mercado de trabalho, posicionando-se como candidatos ideais para substituir o cartão de furos na indústria emergente da informática, sobretudo com o incentivo da IBM, na altura também fabricante de máquinas tipográficas. Em 1964, o sistema Multics, instalado no MIT, dispunha pela primeira vez de um teclado capaz de enviar impulsos eléctricos directamente ao computador e apresentar o resultado num monitor. Nascia o teclado moderno.
QWERTYMANHA
Nos tempos que correm, encontram-se teclados das mais diversas cores e formatos, mas praticamente todos partilham da disposição QWERTY nas suas teclas. Contudo, nem sempre foi assim – as primeiras máquinas de escrever do século XIX ordenavam as teclas por ordem alfabética, o que, em conjunto com a simplicidade do mecanismo utilizado, levava a entraves e bloqueios se os botões adjacentes fossem carregados em sucessão rápida. O norte-americano Cristopher Shole analisou o problema e imaginou um método que forçasse os dedos a alternar ritmadamente de posição no teclado. A engenhosa disposição em QWERTY foi a solução, que hoje cada um dos nossos dígitos celebra num matraquear diariamente repercutido por todo o globo.