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Diversão Ou Transcendência?


DOLPHinTRANCE
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«Rave. a melhor forma de diversão já inventada? O escape definitivo que a enlouquecida virada de milênio pede? ou uma nova maneira de ser e pensar, uma evolução na conscientização? Rave é tudo isso na verdade. Aliás, o mais correto seria dizer que rave é a melhor forma de diversão já inventada exatamente porque é a junção das descrições nas duas outras perguntas.

 

Diversão e transcendência. Escape e encontro. Essa dualidade sempre pareceu contraditória, a diversão superficial e a transcendência profunda. Mas as raves têm provado que naõ existe contradição. O jornalista inglês Simon Reynolds conclui seu brilhante livro Energy Flash (sobre a história da música eletrônica e das raves) justamente dizendo que a essência da balada são esses dois aspectos: "a eliminação da consciência e a elevação da consciência, " em suas palavras. Escape e encontro. Por um lado vc escapa de algo, a realidade ; por outro, vc encontra esse universo paralelo no qual as referencias materias e mudanças do mundo normal nao fazem o menor sentido. A coisá é mais complicada: boa parte das pessoas que vão à raves (talvez a maioria) não está ligada nas duas circunstancias ao mesmo tempo, ou enxergam um lado ou enxergam o outro.

 

Há, em muitos casos, inclusive hostilidade de um lado com o outro. para quem quer ir à rave só se desligar por varias horas, o papo de "ritual tribal", sinta a "energia fluindo" soa como trelelê hippie new age ( e é na maioria das vezes). Na outra ponta, que enxergam significados transcendentes nas festas condenam a balada "vulgar" sem limites dos cabeçudos. Só que, mesmo sem querer , os dois lados acabam sendo um pouco de cada. Quem entender que a rave é uma adição de uma coisa com a outra se sai melhor. Deixando retórica hiponga de lado, existe significado por trás de tudo isso, sim. Tanto é que vc pode realmente se jogar com tudo numa rave, cair na lama, e mesmo asim, alguns dias depois, se sentirá tudo, menos arrependimento. Pelo contrário, sentirá um misto de emoção e preenchimento por aquele fim de semana ao se lembrar de um instante eufórico da pista, de uma virada do Dj, de pessoas que conheceu ou de alguma figura com a car pintada de amarelo fluorescente.

 

Quer dizer, a festa mexeu com vc de alguma maneira. Isso tudo ajuda a começar a explicação de um outro ponto que eu tenho visto muito abordado por aí: rave é coisa de alienado.

 

Eu poderia começar respondendo que na Europa, a música eletronica e as raves estao muito ligados com movimentos culturais, ecologicos, anti-consumismo e direitos civis. E que na Inglaterra, devido as leis anti-rave que o governo passou, o ato de ir numa rave ganhou conotação política instantanea. Tudo isso está certo, mas o buraco aqui é mais embaixo. Dizem que milhares de pessoas dançando música eletrônica num sítio é mais um sintoma de juventude despolitizada e desinteressada. Quanto ao politizado, é uma questão de conceito.

 

Existe uma visão tradicional que acha que paraser político, qualquer coisa tem que envolver manifesto escrito, panfletos, discurso e gente num palanque falando, isto é , veículos de idéias convencionais. Eu acho que o fato de a rave promover idéias(sem falatórios, simplesmente deixando a coisa rolar assim) como a tolerancia e aceitação mútua entre diferentes classes, idades, raças, opções sexuais e estilos de vestir já é mais forte do que qualquer discurso. Machismo, homofobia, racismo, preconceitos em geral são mal vistos.

 

Em qual outra cena isto é tão evidente? Eu desconheço. Depois, a rave em como uma de suas características mais marcantes a não-violência, o pacifismo e a ausência de tensão e agressividade. Em algumas tribos ou cenas é bacana usar jaqueta de couro. Nas raves é bacana dançar em vez de brigar. Essa idéia e esse sentimento que se passa entre as pessoas é mais eficaz que mil panfletos. Há inumeros exemplos : o cara brigão que virou uma pessoa normal e serena; os moleques heteros que dançam ao lado de gays sem o menor incômodo ; o garoto travadão que agora fica com a camisa empapada de suor de tanto dançar ; a menina da periferia que ficou com o cara dos Jardins ; o cara que trabalhava na bolsa de valores e que largou tudo para se dedicar a fazer o que gosta, pintar.

 

Todo mundo que entra nessa pra valer está na verdade mandando um DANE-SE bem grande para a sociedade normal, do trabalho ingrato, da carreira profissional acima de tudo. Não que todo mundo saiu largando seus empregos ou escola. Mas, sim. que agora sabem que esses não são mais os modelos obrigatórios de felicidade, que tudo que dizem por aí não é necessariamente verdade.

 

Essas pessoas libertaram suas mentes e serão diferentes para o resto da vida. E, com certeza, enriqueceram seu gosto musical!!!»

(C.Rocha/Dj World)

...DiT DOLPHinTRANCE...

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