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"Luzes das Janelas" por Fábio Silva


lusty_freak
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Luzes das janelas

 

One can look into those Windows one should almost imagine oneself living there

Maytland Edey

 

 

 

cartazul9.jpg

 

 

Aqui tornamo-nos voyeurs na medida em que espiamos a vida privada de outros através das janelas, contudo, pelo facto de existirem barreiras que não permitem saciar essa vontade, resta-nos imaginar como vivem essas pessoas.

A luz é sinal de vida, indica que existe uma acção e é essa luz que nos chega através das janelas, que se tornam fendas que a deixam escapar para o exterior. É essa luz, que emana de um lugar onde vivem pessoas, que forma a sua vida privada e intima.

Cada uma destas janelas corresponde a um tipo de luz com uma dominante, que difere de divisão para divisão e, mais propriamente, de habitação para habitação. Assim, somos levados a analisar que tipo de pessoas vivem naquele apartamento, que pessoas correspondem àquele tipo de cor, e até que elementos podemos recolher da roupa pendurada á janela...

 

Esta diferença de luzes remete-nos também para o estado das relações das pessoas, onde o individualismo e a solidão se solidifica cada vez mais na sociedade de hoje.

Como se costuma dizer: pode-se viver rodeado por milhões de pessoas mas, mesmo assim, sentirmo-nos ainda mais isolados pelo facto de estarmos rodeados de tantas vidas e não surgir a possibilidade de partilhar com outras pessoas as nossas experiencias diárias. As luzes acabam por referenciar essa dualidade, devido às discrepâncias de dominantes de cor e ao facto de estarem tão perto que se tornam uma só, mas, mesmo assim, evidenciando um grande afastamento entre elas. Transparecem, assim, as vidas, como podem ser tão diferentes, mesmo vivendo com uma divisória de alguns centímetros de espessura...

 

Cada janela transforma-se numa tela, que conta uma história, que representa uma vivencia que nos próprios atribuímos ao tipo de pessoas que vivem naquele lugar. Os elementos acabam por se tornar irreais, sórdidos, misteriosos; não são paisagens externas mas internas, perdidas num tempo estagnado de tão distante.

 

 

FÁBIO SILVA apresenta-nos 7 retratos produzidos em deambulações na busca da luz, do escondido. O campo do retrato absorve a força e a volúpia dos retratados onde estes entram e saem dos mais amplos cenários, criados à medida da sua metamorfose, no seu espaço CASA. Esta, funcionando como estúdio, coloca o retratado no seu ambiente, pelo que, em certo sentido, este torna-se símbolo de si mesmo. A sua intimidade é breve e intensa, mas não tem passado ou futuro. Pertence ao voyeur. A câmara de Fábio é pois um modo fluído de encontrar essa outra realidade: o espaço que encarámos como o de Outro, naquilo que dele imaginámos.

Uma mostra de trabalhos que nos projectam para o lugar do Outro, à maneira de Edward Hooper mesclada com a crua realidade que associamos a Philip-Lorca di Corcia.

 

Joga-se aqui com o etéreo, o inapalpável, os corpos são meros acervos que sonham e se transfiguram como um gás volátil, como as coisas que não pesam e navegam numa planície que acedemos quando sonhamos.

 

Ângela M. Ferreira

Artista visual,

Directora do Curso de Artes Visuais-Fotografia – ESAP

www.angelaberlinde.com

 

 

 

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