Jump to content
×
×
  • Create New...

- Entrevista com Zaraus - BaladaPlanet, Brasil


Ruvi
 Share

Recommended Posts

Retirado de Balada Planet - site brasileiro

 

“A cena psicadélica está se perdendo em alguns países onde o trance chegou às massas como música pop, e por vezes fazer som pop é mais rentável e dá menos trabalho do que acreditar em ideais e raízes”.

 

Entrevistamos o produtor português Pedro Oliveira, responsável pelo projeto de trance psicadélico Zaraus, que foi um dos destaques do main floor do Boom Festival 2008 e está confirmado para se apresentar novamente no Universo Paralello, na Bahia.

 

Pedro começou a se envolver com música em 1999, quando era baterista em uma banda de Ska chamada Skambalhota. Em 2001 a banda acabou e Pedro seguiu em carreira solo, aventurando-se pelo mundo da música electrónica com seu projeto Zaraus.

 

No currículo Zaraus possui apresentações por toda a Europa e desde 2004 realiza tours regulares pelo Brasil. Além de diversas tracks lançadas, Zaraus pretende lançar em breve seu álbum de estreia, através da Psy-Fi Records.

 

As produções do Zaraus possuem uma personalidade forte, apreciada principalmente pelos amantes do trance não-comercial, com melodias imprevisíveis e uma linha de baixo que literalmente atropela quem estiver na frente das caixas de som. Confira a exclusiva!

 

Fale sobre o início do projecto Zaraus e o que este nome significa? É verdade que tudo começou com uma banda de Ska?

 

Zaraus: Bambolê... O projecto Zaraus começou comigo e com Sergio Loren em 99... Nessa altura ambos tocávamos numa banda de Ska... Eu estava acabando o curso de Técnico de Som. Esse curso foi uma introdução a teoria do áudio, máquinas estúdios e teoria musical. Também comecei a aprender o Cubase, programa que utilizo até hoje para fazer as minhas músicas. A banda de ska tinha começado uns anos antes e com o passar do tempo as nossas energias foram sugadas pela musica electrónica, até que largamos a banda dedicarmos nos dedicar 100% ao trance psicadélico. Em 2001, Sergio e eu tomamos rumos diferentes na vida e eu continuei o projeto Zaraus sozinho. O significado de ZARAUS? (risos) É mais ou menos “zureta” em Brasileiro, mais ou menos... Surgiu depois de uma sessão psicadélica. Para nós o nome soava bem e como não aparecia no dicionário, achamos que era o nome certo.

 

zaraus.jpg

 

Como foi esta mudança de produção analógica (banda) para a produção electrónica (psytrance)?

 

Zaraus: Para produzir música numa banda com 5 elementos é mais complicado, porque cada um tem o seu instrumento e o resultado final depende do esforço geral de todos, os ensaios são semanais 2 ou 3 vezes e demora mais tempo. Produzir musica electrónica pode ser a qualquer hora em qualquer lugar, só ligar o computador... Por outro lado, na produção analógica eu apenas me preocupava com a bateria que era o meu departamento dentro da banda. Quando passei para a produção electrónica, já tinha a bateria, os baixos, os synths, as percussões, vocais etc... Foi muito mais trabalhoso e demorado até conseguir um som coerente, com a pressão certa.

 

Quando está no palco você realiza diversas interferências ao vivo, tocando inclusive com um grande búzio. Como funciona o live do Zaraus?

 

Zaraus: O live vai mudando com o tempo, no ano passado tocava com o búzio sim... Quando se fala em live com uma pessoa só, é impossível ser tudo tocado ao vivo. Então meu objectivo é juntar sempre algo novo no live, seja um búzio, seja um sintetizador com controladores sensíveis ao movimento do braço, ou umas percussões compradas nos lugares que vou passando, ou vocais gravados em sessões psicadélicas... De festa para festa, sempre tento alterar alguma coisa ou introduzir um elemento novo. Para mim é importante o publico não ouvir o live igual 2 vezes.

 

Actualmente, qual label você representa? Quando pretende lançar o álbum de estréia do Zaraus? O que você pode adiantar sobre o disco, alguma parceria ou remix em especial?

 

Zaraus: Recentemente juntei-me a Psy-Fi Records ( http://www.psyfirecords.com ), uma gravadora nova que está surgindo em Portugal e que tem um forte conceito de sustentabilidade e responsabilidade social e ambiental. O objectivo é lançar o álbum no meio de 2009 só com musicas minhas e lançar no inicio de 2010 um álbum de parcerias e remixes entre Zaraus e vários artistas. Alguns desses remixes já estão sendo temperados, outros sendo cozinhados.

 

zarausb.jpg

 

Ao compararmos a música do Zaraus com o psytrance produzido em Israel (nem tudo), percebemos uma psicadélica séria, que mantém as raízes do antigo Goa trance. Como você analisa a actual cena psicadélica mundial, para onde estamos caminhando?

 

Zaraus: A cena mudou muito desde que comecei a ir às festas... Antigamente o som que tocava nas festas era o Goa trance. Para mim até hoje ainda não surgiu nenhum estilo de música mais completo. Por isso mantenho as minhas raízes no Goa trance. Não há feeling melhor do que estar numa pista e viajar de melodia em melodia de olhos fechados, com uma batida super poderosa tremendo nosso corpo... A tecnologia e a internet facilitam muito a aprendizagem da produção de música electrónica, por isso ocorreu uma explosão de novos projectos, cada um puxando para o seu lado, criando novos estilos que estão no seu auge, afectando um pouco a cena trance. A cena psicadélica está se perdendo em alguns países onde o trance chegou às massas como música pop, e por vezes fazer som pop é mais rentável e dá menos trabalho do que acreditar em ideais e raízes. Não acho que seja uma coisa ruim terem aparecidos outros estilos e os produtores de música terem optado por segui-los, mal seria de nós se o mundo todo estivesse produzindo psytrance.

 

Está cada vez mais raro encontrar um CD que goste de todas as músicas do principio ao fim... Ou ir a uma festa e gostar de todos os djs e lives... Mas isso só torna mais especiais as festas aonde vou e gosto da música do principio ao fim. A cena psicadélica inicialmente era simples, para se fazer uma festa era preciso um mega sistema de som, djs e lives, a decoração às vezes marcava até mais as festas do que o próprio som... Havia pessoas distribuindo frutas de manhã, não havia roubos nem pancadaria... Todo mundo respeitava o próximo e principalmente a mãe natureza... Estes valores todos tão se perdendo, hoje em dia parece que é mais importante mostrar uma estrutura gigante de concerto pop, gastar o mínimo possível com decoração psicadélica, cobrar o máximo possível na portaria e no bar e escolher os lives e djs pelo número de pessoas que arrastam, não se preocupando se o som se enquadra.

 

Vários organizadores das grandes festas de hoje em dia, não conheceram a verdadeira natureza da música trance, são pessoas que se entusiasmaram e viram uma oportunidade de negócio e correram atrás. Não vejo mal nisso. Só que a verdadeira festa, com o verdadeiro sistema de som, tocando a verdadeira música, submergida na verdadeira decoração e com o verdadeiro público, está cada vez mais rara. Acho que a cena tem muito que evoluir ainda, muita gente ainda não percebeu a magia por traz desta música e haverá sempre verdadeiras festas, se as procurarmos.

 

zaraus_label.jpg

 

Como está a cena electrónica de Portugal? Já esteve melhor ou está no seu auge?

 

Zaraus: Portugal sempre teve vários núcleos fortes na cena trance e tem muita festa, como sempre teve e sempre terá.. Já teve melhor sim, temos alguns festões e festivais bons... Depois outros muito maus... Nota-se menos carinho pela festa tanto da parte dos organizadores como do público, um pouco como em todo lugar acho... Mas temos também muitas festas “free” em Portugal, onde não se cobra para entrar, não existe segurança, existe bar, mas ninguém proíbe ninguém de levar uma mala térmica. Nessas festas nota-se que o público se preocupa mais uns com os outros e com a natureza... São festas pequenas, para no máximo 1.000 pessoas. De norte a sul temos muitas, sempre no meio do mato e geralmente pouco divulgadas. Para mim estas são as melhores!!!

 

É verdade que você já morou um período no Brasil? Como foi esta experiência?

 

Zaraus: Bom, o objectivo inicial era passar uns meses, conhecer o país e fazer alguns contactos, acabei ficando quase 2 anos. Morar no Brasil foi mais uma experiência boa em minha vida, pois tive a oportunidade de conhecer pessoas especiais e conhecer lugares maravilhosos que só existem no Brasil mesmo... Todo mundo em Portugal sente-se conectado com o Brasil, só que poucos atravessam o oceano pra conhecer o Brasil... Ouve-se muita coisa boa e muita coisa ruim do Brasil, as boas são todas verdadeiras, a única coisa que achei ruim no Brasil é contarem tantas piadas de Português (risos). O melhor de tudo foi ver o quanto temos em comum, o portuga e o brazuca... Mesmo com um oceano inteiro separando nossos países, temos muito em comum. Acho que Portugal tem mais a ver com o Brasil do que com a Europa e os países que se designam evoluídos. É um país maravilhoso que pretendo voltar sempre que puder.

 

Recentemente você se apresentou na pista principal do Boom Festival 2008, o que você achou do seu live e do evento em geral?

 

Zaraus: Sobre o live acho que o impacto no dancefloor foi o melhor para mim, toquei às 8:00 da manhã e o pessoal tava bem animado. Para mim foi um sonho se tornando realidade, só gostaria de ter ouvido o meu som na frente daquele sistema de som animal e não em cima do palco. O Boom é um festival que está na linha de frente no combate ao terrorismo mundial que vemos hoje praticado pelos governos e corporações. O Boom conseguiu manter tudo funcionando quase sem ter que comprar combustível para os geradores. Todos os desperdícios que são normais num festival, no Boom estão sendo tratados para devolver a Mãe Natureza sob a forma de fertilizantes. Além de toda a sustentabilidade ambiental, este festival tem a preocupação de consciencializar e informar as pessoas sobre o estado do mundo, as artes visionária e questões espirituais, garantindo um crescimento intelectual a todos que por lá passaram. Para mim, e não é por ser portuga, mas ainda não fui a um festival melhor que o BOOM!

 

O Zaraus está confirmado para se apresentar novamente no festival Universo Paralelo. O que você está preparando para o público brasileiro?

 

Zaraus: Para o UP 2008/2009... Sobre o meu live... Como vai ser e o que vão poder ouvir.... Só posso mesmo adiantar que será mais como um concentrado energético e multivitamínico de sonoridades atómicas, atingido através de muito trabalho inspirado em fumos cósmicos, num processo de fusão psicadélica!!!

 

Para terminar, deixe uma mensagem para o público do Balada Planet, principalmente para os que estarão no Universo Paralelo.

 

Zaraus: Vamos universar um pouco os nossos paralelismos... AMEN!!

Link to comment
Share on other sites

 Share

  • Member Statistics

    4,907
    Total Members
    228
    Most Online
    zZora
    Newest Member
    zZora
    Joined
  • Tell a friend

    Love ElastikTribe? Tell a friend!